Comemoração Taça de 1966

De CruzeiroPédia .:. A História do Cruzeiro Esporte Clube
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A maior festa de todos os tempos[editar]

Torcedores cruzeirenses saudam o time campeão do Brasil Foto: Estado de Minas

A edição mineira do Jornal dos Sports, de 9 de dezembro, contou como foi a recepção aos campeões brasileiros: “Belo Horizonte toda se engalanou para receber o Cruzeiro, campeão da VIII Taça Brasil e o mais novo herói nacional. O Aeroporto da Pampulha, onde os jogadores desceram, foi pequeno para comportar a multidão que se aglomerou e se acotovelava para recepcionar seus jogadores vitoriosos. Foi a maior recepção já dada a qualquer pessoa ou clube, em Belo Horizonte. Moças em grande quantidade – a torcida do Cruzeiro está formada, principalmente, por jovens – saudavam seus craques com gritos de viva ou então chamando-os pelos nomes. Simultaneamente abanavam bandeirinhas do Cruzeiro, agitando no ar com toda a euforia. Tão grande era o número de veículos que se dirigiu ao Aeroporto da Pampulha, que o tráfego ficou congestionado, como se fosse haver a realização de um grande clássico – como o próprio Cruzeiro e Santos, na outra quarta-feira. Buzinas estridentes não cessavam de tocar.” – O povo prorrompeu em aplausos – “Durante 15 minutos todos ficaram dentro do avião, esperando que fosse feito um cerco de proteção e se pusesse um cordão de isolamento em torno do aparelho. Tomadas todas as medidas de segurança, os campeões puderam sair do Viscount. Wilson Piazza, erguendo triunfalmente a Taça Brasil, foi o primeiro a descer as escadas do avião. O sucesso foi total. O povo prorrompeu em aplausos de alegria. Lágrimas escorriam dos olhos das lindas moças, que continuavam agitando suas bandeirinhas sem cessar. Neco, Procópio e William saíram em seguida a Wilson Piazza. Receberam aplausos sem conta. Gritos, assobios, beijos jogados com as mãos, eram a forma mais espontânea de saudação ao Cruzeiro que chegava.”

Desfile dos Campeões[editar]

“O Corpo de Bombeiros, presente a todas as legítimos manifestações do povo, cedeu seus carros bem limpos, com suas luzes acesas e sirenas tocando para que os jogadores do Cruzeiro fossem conduzidos ao centro da cidade, onde os esperava o Governador Israel Pinheiro. Em todo o percurso, o povo jogava até flores. Os jogadores chegaram às lágrimas de tanta emoção. Tostão, conhecido como jogador calculista e que dificilmente se emociona, não as conteve e disse: ‘Puxa! Nunca pensei que teria recepção tão grande em minha vida. Sou calmo por natureza, mas estou emocionado com tamanho carinho de todos. Minha satisfação é completa. A vitória foi uma grande conquista para o futebol de Minas.’ Respondendo sobre o jogo e sua emoção, disse ele: ‘Estava confiando nela. O pênalti que perdi não chegou a me desanimar. Serviu, pelo contrário, como estímulo para continuarmos a lutando. E a recuperação veio logo em seguida depois, segura, até a vitória’.”

Chuva de papel[editar]

“Do alto dos edifícios da cidade, a população mineira jogava confetes, serpentinas, papéis picados, jornais rasgados, além de agitar freneticamente os lenços brancos do sucesso. Gritos de ‘Viva o Cruzeiro’ ecoavam do alto dos prédios, repletos de pessoas e totalmente acesos. Até nas repartições públicas, embora não tivesse havido expediente, viam-se pessoas jogando papel picado. O povo comemorou com grande carnaval a chegada do Campeão do Brasil, tributando-lhe a maior homenagem de toda a sua vida. Pode-se garantir que nenhum clube mineiro teve tão elevada acolhida como o Cruzeiro, ontem à noite, ao chegar de São Paulo, às 19h45, em um Viscount, da VASP. Mais de cem policiais foram usados para conter cerca de 10 mil pessoas no Aeroporto da Pampulha. No comando da Força Policial, funcionou o Tenente Aladim Rodrigues Pinto. O Coronel Viana comandou os soldados da Base Aérea, enquanto o Tenente Takassugui comandou os bombeiros. Os cordões de isolamento impediram que, no auge do entusiasmo popular, ocorresse algum acidente. Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e até soldados do Exército foram utilizados no policiamento.”

A festa varou a noite[editar]

Os jogadores chegam com a taça no carro de bombeiros Foto: Estado de MInas

“Já usando as faixas de campeões com as quais desceram do avião, os jogadores do Cruzeiro foram recebidos pelo Governador Israel Pinheiro em um jornal de Belo Horizonte. Nessa hora, o governador falou com um por um, cumprimentando-os e dizendo que Minas sentia-se orgulhosa de contar com elementos tão valorosos que projetavam o nome do Estado em todo o mundo. À saída, a multidão voltou novamente aos gritos e vivas. O policiamento voltou a funcionar. Mesmo depois que os ânimos cederam, altas horas, o povo ainda comemorava. Alguns torcedores mais animados que o normal entregavam-se às comemorações justas nos bares mais próximos, que continuaram cheios até de manhã.”

Comércio fatura com título do Cruzeiro[editar]

Em seu inédito livro Redes da Bola, o historiador Bruno Fagundes conta a repercussão da conquista do título brasileiro: “O dia 7, então, vem triunfal, página épica do futebol mineiro. O Cruzeiro derrota o Santos por 3 a 2, depois de estar perdendo por 2 a 0 e Tostão haver perdido um pênalti. Estava quebrada uma hegemonia de cinco anos do Santos. A recepção foi calorosa em Belo Horizonte e, mais uma vez, o comércio deita e rola. A Taça Brasil está exposta em locais públicos. A loja Oxford anuncia suas roupas numa fotografia em que os jogadores campeões estão vestidos com sua marca. O Pep’s, na Rua da Bahia, promove grande evento. Premia os campeões nacionais com um carnê de 500 mil cruzeiros para compras. Os campeões nacionais passam duas horas espalhados pelos três andares da loja distribuindo autógrafos, atendendo à massa humana, que faz gigantescas filas do lado de fora do estabelecimento. Também do lado de fora, defronte a vitrine, onde estava exposta a Taça Brasil, a charanga cruzeirense tocava. Dirceu, Piazza, Raul, Hilton e Natal eram os mais visados. Davam autógrafos num cartão, confeccionado pela loja, estampado com a foto do Cruzeiro com a faixa de campeão do Brasil.”


Fonte e fotos[editar]

  • (fora do ar) http://taca66.benny75.com/ Hotsite em homenagem aos 40 anos do título

Ver também[editar]