Cruzeiro 3x2 América-MG - 23/01/1966
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18ª rodada Campeonato Mineiro 1965 | |||||||||||||||||||||||||||||
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Pré-jogo
Enquanto o América, sob o comando de Iustrich, apodado O Homão, treinava, o Cruzeiro saiu de férias.
Os jogadores celestes só voltaram em 7 de janeiro para uma palestra do trio Brandi, Furletti e Aírton Moreira. Só então começaram os treinamentos para pegar um Coelho afiadíssimo 9 dias depois.
Mas o jogo foi adiado. Choveu tanto na cidade que o Governador requisitou o Mineirão para acolher os desabrigados.
Com uma semana a mais de treinos, o time de Aírton Moreira ficou o ponto. A única dúvida estava entre Rossi e Natal na ponta direita.
O Diabo Louro, como Natal era chamado pelos locutores, dera muito trabalho a Felício Brandi no ano anterior. Fugira para Rio obrigando o presidente a buscá-lo no Fluminense. O tricolor insistiu em manter o ponteiro. Felício pediu Cr$40 milhões e não houve negócio.
O ponteiro voltou e ficou esquecido no Barro Preto. Em 1º de janeiro, o Estado de Minas informou que ele seria emprestado. Mas Natal ganhou a disputa com Rossi, jogou e não decepcionou.
O treinador Airton Moreira estava confiante:
“Importante em uma equipe é o seu moral. No Cruzeiro, o fato causa tranqüilidade. Gente moça, responsável, com amor à camisa, ciente do valor do adversário, cônscia de suas atribuições. Nada falta à equipe para obter um triunfo. Ela saberá lutar com lealdade e disposta a comprovar, mais uma vez, sua condição de candidata real ao título. Wilson Almeida, afastado pelo Departamento Médico é nosso único problema. Ele será substituído por Rossi ou Natal. Com um ou outro, o Cruzeiro estará bem servido. De resto,prometemos muita luta em busca de um resultado favorável.”
Sobre a partida
Iniciada a partida viu-se que o América apostaria nos contra-ataques, enquanto o Cruzeiro, sem descuidar da marcação, tentaria manter o controle da situação com seu já famoso toque de bola.
O estreante Natal fechava pelo meio quando o time perdia a bola, mas voltava, rapidamente, à ponta direita quando Piazza desarmava o adversário. O time passava do 4-4-2 para o 4-3-3 com naturalidade.
O América era mais rígido. Talvez por ser dono de uma oficina mecânica, Iustrich montava times como se encaixasse peças num projeto rigidamente estabelecido. Cada jogador tinha posição e função previamente definida e rigorosamente cobradas por ele.
Assim, Mosquito ficava plantado entre os beques. Jorge e Caiallaux não arriscavam uma saída sequer da defesa. Samuel tinha que jogar mais recuado para puxar um defensor do Cruzeiro. O ponta-esquerda Nilo fazia o terceiro homem do meio de campo auxiliando Eduardo e Nei que, ao contrário de Piazza e Dirceu, jamais saiam para o ataque quando tinham a posse de bola.
E, mesmo que a tática não funcionasse, tinha de ser mantida a qualquer custo.
Mais maleável e criativo o Cruzeiro dominava completamente o jogo quando, numa bola lançada sobre a área, William interfere numa disputa entre Tonho e Mosquito e comete pênalti. Eduardo bate e faz o 1º gol do América.
O Cruzeiro não acusou o golpe. Manteve seu estilo. Aos 34, Dirceu Lopes chutou de fora da área para empatar.
O América desorientou-se. Levou 10 minutos de pressão até que, meio grogue, aos 44, Caiallaux parou num lance e permitiu que Marco Antônio entrasse livre na área para desempatar.
O Cruzeiro voltou ainda melhor no 2º tempo.
Hilton Oliveira continuou vencendo o duelo contra Luizinho. Dirceu Lopes enlouquecia os beques americanos com arrancadas e gingas desconcertantes.
Milagrosamente, o América ia conseguindo se safar do gol de misericórdia. E, confirmando o dito “quem não faz, leva”, aos 37, o Coelho empatou. Num momento de desobediência tática geral, Mosquito caiu pela lateral e cruzou. Tonho cortou o cruzamento, mas Nilo apanhou o rebote e marcou.
O Cruzeiro acelerou o jogo. Mas sofreu um golpe com a expulsão de Marco Antônio aos 39. Numa disputa com Capellani, ele fez falta e reclamou da marcação. Genioso, Armandinho Marques irritou-se e expulsou o centroavante.
Qualquer time medíocre tentaria segurar o jogo. Mas aquele Cruzeiro era diferente. Por isso, atacou ainda mais e, aos 42, foi recompensado por sua ousadia. Tostão tentou lançar Rossi, que entrara no lugar de Natal, mas a bola, interceptada por Eduardo, caiu no pé direito de Dirceu Lopes. Golaço: 3×2.
A torcida celeste foi diretamente do Mineirao para o Barro Preto. O trânsito foi interrompido na Rua Guajajaras. A diretoria mandou abrir o bar e o salão de festas.
Torcedores interceptaram o ônibus que levava o time para a festa e carregaram os jogadores nos ombros até o gramado do Estádio JK.
A quatro rodadas do final, o Cruzeiro colocava 4 pontos de frente sobre o vice-líder Coelho. Alguma dúvida de que aquele título era macuco no embornal?